Com o contributo da viajante Ilda Pires
Com que idade comecei a viajar? Nem sei bem. Embora tivesse havido uma ou outra viagem antes, viajar propriamente dito e de uma forma mais regular, foi a partir dos meus 50 anos.
Motivação? Descobrir o mundo, contemplar e admirar a sua beleza. Compadecer-me também com as suas misérias. Conhecer pessoas e culturas diferentes, enriquecer-me!
Tenho a sorte de ser bastante saudável. Talvez por isso, até hoje, nunca senti as limitações da idade.
A partir de certa altura fui percebendo que as viagens com grandes grupos, as chamadas viagens turísticas, em que apenas vemos as coisas mas não as vivemos, me deixavam insatisfeita. Não era aquilo que eu queria. Então, um pouco por acaso, descobri as agências de viagens de aventura e decidi experimentar. Foi uma descoberta que me agarrou em pleno. Pequenos grupos, onde se vive de uma forma muito familiar e próxima; líderes competentes e conhecedores dos locais que visitamos; o contacto próximo com as pessoas dos países visitados, fizeram com que me decidisse, sem reservas, por este tipo de viagens.
© Francisco Agostinho | Fotografia captada em Petra, na Jordânia
Creio que já respondi no tópico em cima, mas reforço a afirmação. Todos os líderes com quem viajei me ofereceram confiança e me deram segurança.
Foi, sem dúvida, a subida aos pontos mais altos de Petra e de Wadi Rum.
Não gosto de dar conselhos. Para viagens destas é necessário espírito de aventura. E isso, ou se tem, ou não se tem. Eu dir-lhes-ia apenas que experimentem, se tiverem abertura de mente e coragem para isso.
Viajo sempre sem expectativas, com a mente e o espírito abertos ao que vier. Aliás, nem faço grandes investigações sobre os países que visito, antes da viagem. Gosto de me deixar surpreender.
© Francisco Agostinho
Neste momento, todos os sonhos que trazia comigo desde bem jovem, foram realizados. Agora, olho para o que as agências me apresentam e ouço o meu coração.
A melhor memória? A chegada, depois de cinco dias de caminhada, aos 4.120 metros de altitude, nos Annapurna, quando já tinha 74 anos. Foi, sem dúvida um momento de emoção indescritível, que guardo no meu coração com gratidão por quem me acompanhou até lá.
Para mim, cada viagem é repleta de aprendizagens. Com as pessoas sempre lindas com quem viajo. Com os contactos com outras pessoas e outras culturas. Com a descoberta de toda a beleza do mundo… Por isso, sim, creio que vou vendo o mundo e as pessoas de uma forma nova, sempre mais tolerante e amiga.
Para mim, viajar significa conhecer, explorar, descobrir novos mundos, novas pessoas, novas realidades. Maravilhar-me, e às vezes compadecer-me.