5. Sentes que a From Kibera With Love de facto faz a diferença na vida daquelas crianças e respectivas famílias?
Ana Moura: Sem dúvida nenhuma. Rapidamente observamos os valores e regras que lhes foram transmitidas, a entreajuda, o companheirismo e até a relação de família alargada com que as crianças se relacionam entre si. Esta ajuda estende-se também aos pais e restante família, quer pelos apoios alimentares e de produtos de higiene, quer pela tentativa, mais difícil e por vezes inglória, de os incentivar a uma vida de trabalho, de responsabilidade e de construção de um projeto.
6. O que achaste do Quénia? E dos quenianos?
Ana Moura: O Quénia, ah, o Quénia! É, literalmente, a terra do “Hakuna Matata”! Desde a tranquilidade e beleza das suas praias e do Índico ao desfrutar da vida animal na savana. São dezenas de espécies de animais que nos presenteiam com o seu dia-a-dia, sem se incomodarem por andarmos por lá, respeitadamente, a observá-los. Confesso que fazer um safari não era dos objetivos principais nas minhas viagens, mas, desde então, passou a ser visita obrigatória sempre que lá voltar.
Já a minha relação com os Quenianos resume-se quase exclusivamente aos habitantes da favela, tendo tido algum contacto pontual na minha ida ao Safari de Amboseli e quando acompanhei, juntamente com a Marta, as 10 crianças que melhor sucesso tiveram nos estudos desse ano, à praia em Diani.
Um Queniano adulto é uma pessoa de face séria, de olhos tristes, de uma postura conformada, que vive em busca da subsistência para o dia. Creio que ainda saram as feridas de anos de colonialismo britânico. Vieram para Nairobi em busca de oportunidades e de um mundo novo, mas foram aglomerados em várias favelas, sendo Kibera a maior delas, onde o Governo se demite de atuar de forma a dar-lhes a dignidade que todo o ser humano merece.
7. Despertou-te a vontade de conhecer outros territórios em África?
Ana Moura: Sim, tenho muita vontade de conhecer outros territórios da África subsariana, tanto em missão, como em backpacking.